Comunicado de imprensa pela ocasião do dia mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN)

Bobo-Dioulasso, 30 de Janeiro de 2023: a Organização Oeste Africana da Saúde (OOAS) junta-se à comunidade internacional para celebrar o quarto Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) sob o tema “Agir agora. Agir em conjunto. Investir nas doenças tropicais negligenciadas”.  Esta é uma oportunidade para renovarmos o nosso compromisso de pôr fim ao sofrimento causado pelas DTN.

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,7 mil milhões de pessoas sofrem de DTN, ou seja, 1 em cada 5 pessoas em todo o mundo! Quarenta e nove países africanos suportam 40% do fardo global.    As DTN, não só afectam de forma desproporcionada os mais pobres e marginalizados, como também podem provocar e manter agregados familiares em situação de pobreza.    Para além das doenças que causam, as deformidades e deficiências debilitantes das DTN estão frequentemente associadas ao estigma e à discriminação, com consequências socioeconómicas adversas.    As mulheres e raparigas são desproporcionalmente afectadas, devido aos seus papéis e responsabilidades relacionados ao género, a uma menor autonomia financeira (que limita o seu acesso aos cuidados de saúde) e à sua experiência de um maior impacto do estigma e da discriminação.    As mulheres também sofrem de esquistossomose genital, uma doença que é frequentemente mal diagnosticada ou subestimada.

 

Os países da CEDEAO são endémicos relativamente a pelo menos uma das 20 DTN identificadas pela OMS.    As DTN mais comuns incluem o tracoma que provoca cegueira, úlcera de Buruli, doença do verme da Guiné, tripanossomíase humana africana, lepra, filaríase linfática, oncocercose, raiva, esquistossomose, helmintíase transmitida pelo solo e bouba.    A OMS estima que cerca de 55% dos cerca de 239 milhões de pessoas na região da CEDEAO receberam tratamento para, pelo menos, uma das cinco principais DTN  quimio-preventivas em 2020.

 

Embora tenham sido alcançados progressos notáveis, continuam a existir desafios significativos.    Estes incluem a intensificação de programas accionáveis e intervenções financiadas, financiamento limitado, baixo acesso à prevenção e aos cuidados, sistemas de saúde frágeis, vigilância fraca, integração limitada, acção multissectorial e pesquisa.    Existe uma ameaça de resistência aos insecticidas para as DTN transmitidas por vectores, enquanto há pouca informação sobre outras DTN, tais como sarna e picadas de cobra.  

 

Por conseguinte, a OOAS saúda o compromisso político para a eliminação das DTN.    Os líderes africanos acordaram uma posição africana comum e um quadro continental para o controlo e eliminação das DTN até 2030.  Dois países da CEDEAO estão entre os doze países endémicos que até agora endossaram a Declaração de Kigali sobre as DTN, que foi lançada em Junho de 2022 e mobilizou com sucesso mais de 1,6 mil milhões de dólares para as DTN e mais de 19 mil milhões de comprimidos para o controlo, eliminação e erradicação das DTN até 2030.

 

Em Novembro de 2021, os Ministros da Saúde da CEDEAO reunidos em Abuja em nome dos Estados Membros concordaram em tomar as medidas necessárias para aumentar a vigilância, parcerias, resposta multissectorial, abordagens integradas, engajamento comunitário para melhorar a qualidade e cobertura dos serviços de controlo, eliminação e erradicação das DTN; aumentar a prioridade às DTN na agenda nacional de desenvolvimento e saúde pública com um maior financiamento nacional; e reduzir as desigualdades relacionadas com as DTN.  

 

A OOAS louva os nove países da CEDEAO dos 47 países a nível mundial e 19 países africanos que eliminaram, pelo menos, uma DTN no contexto de instabilidade política e dos principais riscos para a segurança sanitária.    O país mais bem-sucedido, o Togo, foi validado como tendo eliminado quatro DTN - doença do verme da Guiné, tracoma que provoca cegueira, filaríase linfática (elefantíase) e tripanossomíase humana africana (THA; doença do sono).  O Gana foi certificado na semana passada como tendo eliminado a doença do sono.    Os países da CEDEAO também apresentaram dossiês para serem certificados para várias DTN.    Estes sucessos traduzem-se numa melhoria da qualidade de vida graças à redução dos custos dos cuidados de saúde relacionados com as DTN, ao restabelecimento da dignidade das pessoas afectadas e das suas famílias, à melhoria da frequência escolar e a uma maior produtividade do agregado familiar.  Recordam-nos que o investimento em DTN é uma melhor aquisição com retornos saudáveis.

 

No âmbito do Roteiro da OMS sobre as DTN 2021-2030, do Quadro Continental Africano para a Eliminação das DTN, da Visão 2050 da CEDEAO, da Estratégia de Saúde Única da CEDEAO e da Declaração de Acra sobre a Cobertura Sanitária Universal de 2022, a OOAS está empenhada em trabalhar com os Estados Membros da CEDEAO, Parceiros de Desenvolvimento e ONG para controlar, eliminar e erradicar as DTN.    Com o apoio financeiro do Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco KfW da República Federal da Alemanha, a OOAS, em projectos separados este ano, prestará apoio para melhorar o acesso à prevenção, a cuidados de qualidade e a preços acessíveis para as DTN em distritos transfronteiriços, reforçar a integração, a colaboração transfronteiriça e os engajamentos comunitários, bem como reforçar a capacidade de pesquisa das DTN.    A OOAS continuará a coordenar a resposta multissectorial na região.

 

Por ocasião do Dia Mundial das DTN, a OOAS agradece aos Estados Membros, a todas as principais partes interessadas, aos colaboradores e à comunidade de doadores pelas várias iniciativas para eliminar as DTN.    Temos de “Agir agora.  Agir em conjunto. Investir nas doenças tropicais negligenciadas” para melhorar a qualidade de vida, não deixando ninguém para trás.

 

 

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